sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Moradores queixam-se de obras na CRIL

Os moradores de Santa Cruz de Benfica acusam a Câmara de Lisboa de "abandonar os seus munícipes" ao ignorar os impactos da obra final da CRIL, que, segundo os habitantes, está a afectar a "estabilidade estrutural das habitações".

De acordo com o representante da comissão de moradores Jorge Alves, vários proprietários de moradias contíguas ao local onde está a ser construído o sublanço Buraca -- Pontinha da CRIL (Circular Regional Interior de Lisboa) queixam-se de que a cedência dos terrenos tem provocado abatimentos e rachas nas paredes, inclusive com mais um centímetro.

Ana Paula, que reside a menos de 40 metros das obras, na Rua Comandante Augusto Cardoso, contou à agência Lusa que as fissuras começaram a surgir nas paredes da sua casa em 2009.

Entretanto, chegou a estar sem água num anexo devido a um "abatimento do terreno em cerca de 20 centímetros", a ver os candeeiros a abanar, como num "autêntico tremor de terra", e a ter loiça partida.

Já apresentou uma queixa, contactou a Estradas de Portugal e o empreiteiro, a Bento Pedroso, mas "a resposta foi de que as obras não têm nada a ver com as fissuras".

Ainda assim, diz que alguns vizinhos estão numa situação "muito pior".

Para tentar encontrar uma solução e salvaguardar os interesses dos habitantes, a comissão de moradores quer ter, com urgência, uma reunião com a autarquia, que pedirá esta quinta-feira ao presidente António Costa numa reunião descentralizada do executivo.

Jorge Alves defende que a Câmara de Lisboa tem uma grande responsabilidade, até porque a obra teve o aval do antigo presidente Carmona Rodrigues (PSD).

Agora, com o PS na presidência, o representante considera que o executivo de António Costa se isentou das suas obrigações: "Embora consciente de que este projecto era uma aberração, aceitou-o como um facto consumado".

A comissão não entende como o município não actua, "desculpando-se de esta ser uma obra do Governo", quando um dos seus vereadores, Fernando Nunes da Silva (independente eleito na lista do PS), considerou o projecto "um crime".

Na opinião de Jorge Alves, "se um responsável político diz que todo o processo é um crime" então é necessário que a câmara tome uma posição.

"Caso isso não aconteça vamos avançar com queixas-crime", adiantou.

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